Aula 3
Nutrição, atividade física e suplementos
Objetivos de aprendizagem:
- Analisar, por meio de diálogo, os hábitos nutricionais e de atividade física da gestante.
- Conhecer os 10 passos para uma alimentação saudável.
- Identificar situação de risco para deficiências nutricionais.
- Orientar a ingestão de alimentos saudáveis.
- Orientar realização de atividade física.
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Acompanhar o ganho de peso ao longo da gravidez.
A importância da alimentação na gravidez
A gestação é um excelente período para que a mulher desenvolva novos e melhores hábitos alimentares. Muitas vezes estes novos costumes permanecem após o parto, proporcionando mais qualidade na alimentação não só da gestante, como de toda sua família e do seu bebê.
Uma alimentação adequada fornecerá os nutrientes necessários à mãe durante a gestação e servirá de reserva de energia e gordura para amamentação, e é essencial para a nutrição via placenta do feto, que depende destes nutrientes para crescer e se desenvolver.
> O que não pode faltar no prato?
A alimentação durante o período gestacional deve ser variada, balanceada e completa, com o objetivo de fornecer os nutrientes necessários ao feto e à mãe. Deste modo, manter a ingestão de todos os grupos alimentares da pirâmide alimentar é o recomendado.
Preferir legumes, verduras, cereais integrais (pão, arroz integral, massa integral), leguminosas (lentilha, ervilha, feijão preparado sem carnes gordas), carnes magras e, gorduras boas, como o azeite de oliva extra virgem na dose certa, para compor o almoço e o jantar, por exemplo.
As refeições intermediárias, como o desjejum e o lanche da tarde podem ser compostos por pão integral, queijo magro, leite ou iogurte e a ceia, por frutas. Optar pela versão mais natural e menos industrializada dos alimentos é o correto. Se possível, a escolha dos alimentos orgânicos, como ovos, legumes, verduras e frutas, atualmente também é recomendada.
Clique aqui e saiba mais sobre alimentação saudável durante a gravidez no artigo produzido pelo Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz).
A Caderneta da Gestante: dicas sobre alimentação saudável na gravidez
Durante a gravidez a gestante deverá procurar por uma alimentação saudável e diversificada, predominantemente de origem vegetal, rica em alimentos naturais e com o menos processamento industrial possível. Isso é importante para saúde e bem- estar e para a formação e crescimento adequado do bebê.
Essas dicas estão baseadas no “Guia Alimentar para a População Brasileira”. Essas orientações valem para todas as pessoas e gestantes. Você conhece?
Clique aqui e saiba mais sobre o Guia alimentar para a população brasileira
Incentive a gestante a ler a Caderneta da Gestante e conhecer os 10 passos para uma alimentação saudável. Promova leituras coletivas e reuniões sobre o tema na Unidade Básica de Saúde. Se houver nutricionista na unidade, convide-a para participar.
Atenção
Depois da consulta com equipe multidisciplinar, o ACS pode orientar a gestante sobre alimentação saudável, é importante conhecer seus recursos, suas preferências alimentares, e produtos disponíveis em sua região.
Toda orientação sobre dieta, alimentação ou hábitos de vida deve ser precedida por uma escuta atenta da realidade da pessoa. Do contrário, mesmo as recomendações mais bem-intencionadas tendem a ser pouco eficazes.
Como orientar bem uma gestante?
O que ela deve saber sobre alimentação saudável?
E como podemos apoiar essas mudanças no dia a dia?
Como ACS, nosso papel é acolher dúvidas com empatia, desmistificar informações equivocadas e incentivar práticas sustentáveis e possíveis no cotidiano. A seguir, você confere os 10 passos para uma alimentação saudável na gestação, que podem servir como base para orientações claras e seguras.
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Dê preferência a alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação.
Explique à gestante que alimentos como feijão, arroz, legumes, frutas, leite, ovos e carnes são mais saudáveis e devem ser a base das refeições. Oriente que esses alimentos ajudam a prevenir fraquezas, desmaios e contribuem para o bom desenvolvimento do bebê. -
Oriente sobre o uso moderado de óleo, sal, açúcar e gordura
Aponte que esses ingredientes devem ser usados com cuidado, apenas para temperar. O excesso pode causar pressão alta, diabetes e ganho de peso na gestação. -
Alerta sobre alimentos processados
Explique que conservas, enlatados, queijos industrializados e pães de farinha branca têm muito sal, açúcar e gordura. Devem ser consumidos com moderação. -
Explique os riscos dos ultraprocessados
Ajude a identificar esses alimentos pela embalagem e lista de ingredientes. Produtos como refrigerantes, bolachas recheadas, sucos de caixinha e embutidos contêm muitos aditivos e quase nada de nutrientes. São prejudiciais à saúde da mãe e do bebê. -
Reforce a importância de comer com regularidade e atenção
Oriente a gestante a fazer todas as refeições do dia com calma, evitando pular horários ou “beliscar” o tempo todo. Comer devagar, em lugar tranquilo e, se possível, com outras pessoas, melhora a digestão e traz bem-estar. -
Oriente sobre locais de compra com boas opções
Incentive a compra em feiras livres, mercados locais e, se possível, com pequenos produtores. Legumes e frutas da estação costumam ser mais baratos e mais saudáveis. -
Valorize a culinária do dia a dia
Mostre que preparar a própria comida é um ato de cuidado. Estimule a troca de receitas simples entre mulheres da comunidade e o uso de alimentos do quintal ou da vizinhança. -
Ajude a pensar o planejamento da alimentação
Converse sobre a organização das compras e preparo das refeições. Incentive a dividir as tarefas da cozinha com quem mora junto, para que a gestante tenha apoio. -
Dê dicas para se alimentar bem fora de casa
Se a gestante precisar comer na rua, oriente que escolha locais que sirvam comida feita na hora. Evitar fast-foods e alimentos prontos ajuda a manter a saúde. -
Converse sobre informações confiáveis
Se a gestante trouxer informações das redes sociais ou de vizinhas, acolha e ajude a verificar se aquilo é confiável. Explique que o ideal é sempre seguir a orientação de profissionais da saúde.
Clique aqui e saiba mais sobre o Protocolo de uso do guia alimentar para a população brasileira na orientação alimentar da gestante.
A avaliação e acompanhamento nutricional
A Avalição e o acompanhamento nutricional são uma ação essencial do pré-natal. Por isso, na primeira consulta a equipe de saúde avalia peso e estatura e calcula o IMC pré-gestacional.
A seguir, o IMC deve ser classificado (baixo peso, peso normal, sobrepeso e obesidade). Sobrepeso e obesidade são um importante fator de risco gestacional.
Além do peso basal (ou peso antes da gravidez) o ganho de peso ao longo da gestação é um fator de risco relevante. Por isso a equipe de saúde acompanha o ganho de peso em cada consulta. O peso medido deve ser registrado na Caderneta de Gestante e plotado no Gráfico de Acompanhamento do Ganho de Peso. Existem quatro gráficos na Caderneta de Gestante. Um para cada faixa de peso basal (pré-gestacional).
Gráfico do acompanhamento do ganho de peso
Se o ganho de peso ao longo da gestação estiver acima da linha superior (p90), então o ganho de peso é excessivo. Se estiver abaixo da linha inferior, então o ganho de peso é insuficiente ou inadequado.
> Riscos gestacionais: baixo peso, sobrepeso/obesidade, ganho excessivo e insuficiente
De modo bem sintético, os riscos são os seguintes:
Atualmente, cerca de 20% das mulheres em idade fértil são obesas (IMC > 30) e cerca de 50% apresentam sobrepeso (IMC > 25). Isso representa um grande número de gestantes que podem se beneficiar de atividades para promover a perda de peso (apenas antes da gravidez) ou controlar o ganho de peso ao longo da gestação.
A equipe de saúde deve conversar sobre o significado do sobrepeso, da obesidade e do ganho de peso com as gestantes, assim como das mudanças no estilo de vida, incluindo dieta e atividade física, para promover controle ou redução do peso. Todavia, os profissionais devem ter cuidado para não culpar a gestante pela sua condição. Abordagens preconceituosas ou carregadas de julgamentos comprometem a autoestima e afetam a adesão das mulheres às orientações. Por isso, não são efetivas. O ideal seria que os profissionais que trabalham recebessem treinamento em técnicas e habilidades de comunicação e aconselhamento.
Você já recebeu algum treinamento em técnicas de comunicação e aconselhamento? Leve esta sugestão para a sua equipe de saúde. Converse com o gestor da sua unidade.
Atividade Física na Gravidez: Benefícios para Mãe e Bebê
Afinal, o que é atividade física? É o mesmo que exercícios físicos?
Muitas pessoas utilizam os termos “atividade física” e “exercício físico” como sinônimos, mas, na verdade, eles têm significados distintos. Entenda as diferenças a seguir.
Atividade física é um comportamento que envolve os movimentos voluntários do corpo, com gasto de energia acima do nível de repouso, promovendo interações sociais e com o ambiente, podendo acontecer no tempo livre, no deslocamento, no trabalho ou estudo e nas tarefas domésticas.
Atividade física, juntamente com dieta, constituem a base de qualquer intervenção destinada à redução ou controle do peso.
A atividade física pode ser feita em quatro domínios da vida:
No seu tempo livre
Quando você se desloca
Nas atividades do trabalho ou dos estudos
Nas tarefas domésticas
Exercícios físicos também são exemplos de atividades físicas, mas se diferenciam por serem atividades planejadas, estruturadas e repetitivas com o objetivo de melhorar ou manter as capacidades físicas e o peso adequado, além de serem prescritos por profissionais de educação física.
Clique aqui e saiba mais sobre essas definições, e recomendações sobre a prática de atividade física para toda a população no Guia de Atividade Física para a População Brasileira.
Para refletir
Mas grávida pode fazer exercícios físicos? Quais os tipos de exercícios físicos a grávida pode fazer? Em qualquer período da gravidez? Existem contraindicações? O ACS pode orientar a grávida a fazer atividade física? Qual o papel do ACS?
Muitas perguntas, né? A quantidade de dúvidas traduz a importância desse tema. Inicialmente, vamos reforçar o quanto a atividade física é benéfica para qualquer indivíduo.
Para a grávida e puérpera, além de auxiliar no controle do peso corporal, a prática de atividade física é segura e traz diversos benefícios para a saúde da mãe e do bebê:
- Promove o seu desenvolvimento humano e bem-estar, ajudando a desfrutar de uma vida plena com melhor qualidade;
- Promove relaxamento, divertimento e disposição;
- Diminui o risco do desenvolvimento de pressão alta e diabetes gestacional (alto nível de açúcar no sangue durante a gravidez);
- Reduz o risco do desenvolvimento de pré-eclâmpsia (pressão alta durante a gestação);
- Melhora a sua capacidade de fazer as atividades do dia a dia;
- Ajuda a diminuir a intensidade das dores nas suas costas;
- Reduz o risco de depressão;
- Ajuda na inclusão social, e na criação e fortalecimento de laços sociais, vínculos e solidariedade;
- Reduz o risco do seu bebê nascer prematuro;
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Ajuda o seu bebê a nascer com peso adequado.
> Quais são as recomendações sobre atividade física para a mulher grávida?
Segundo o Guia de Atividade Física para a População Brasileira, recomenda-se que todas as mulheres grávidas e no pós-parto sem contraindicações devem:
Praticar atividade física regular durante a gravidez e no pós-parto. Recomendação forte, moderado grau de evidência.
Mulheres que antes da gravidez, estavam habitualmente engajadas em atividades aeróbicas de vigorosa intensidade, ou aquelas que eram fisicamente ativas, podem continuar essas atividades durante a gravidez e no pós-parto. Recomendação forte, moderado grau de evidência.
Fazer pelo menos 150 minutos de atividade física aeróbica de moderada intensidade ao longo da semana para benefícios substanciais à saúde. Recomendação forte, moderado grau de evidência.
Incorporar uma variedade de atividades aeróbicas e de fortalecimento muscular. Adicionar alongamento leve também pode ser benéfico. Recomendação forte, moderado grau de evidência.
E você também prática 150 minutos de atividade física por semana? O tempo que você dedica às visitas domiciliares contam como atividade física?
> Contraindicações
De modo geral, todas as mulheres saudáveis, sem intercorrências, podem realizar atividade física na gravidez.
Segundo as diretrizes mais atuais, há poucas condições médicas da gestante em que o exercício aeróbico é absolutamente contraindicado.
Quando houver dúvidas sobre a segurança do exercício aeróbico na gravidez, é aconselhável a consulta com especialistas.
O Guia de Atividade Física para a População Brasileira traz uma lista com algumas condições que podem precisar de avalição e seguimento especiais. Conheça essa lista e esteja atento. Se tiver dúvidas discuta com a equipe de saúde.
| Se a gestante tiver algumas das condições de saúde a seguir, a prática de exercício físico, nessa fase, precisará ser indicada, acompanhada e orientada por um profissional de saúde capacitado: | Se a gestante tiver algumas das condições de saúde a seguir, ela não deve fazer exercício físico nesta fase: |
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Por fim, é importante reforçar o papel que os agentes comunitários de saúde desempenham no acompanhamento das gestantes. A nutrição adequada garante o bom desenvolvimento do bebê e contribui para uma gestação mais saudável, prevenindo problemas como anemia, diabetes gestacional e ganho de peso excessivo. Já a prática regular de atividade física, respeitando as orientações médicas, ajuda a melhorar a circulação, reduzir o inchaço, aliviar dores e preparar o corpo para o parto, além de contribuir para o bem-estar emocional da gestante.
Como agentes comunitários de saúde, vocês são fundamentais na orientação, no acolhimento e no incentivo às gestantes da comunidade. Informar, escutar e acompanhar essas mulheres faz toda a diferença para que se sintam seguras, valorizadas e mais preparadas para essa fase tão especial da vida.
Levem adiante o que aprenderam hoje e continuem sendo pontes de cuidado e informação. A saúde da mãe e do bebê começa muito antes do nascimento — e vocês fazem parte dessa construção!